"Nós vamos construir a greve geral", disse ontem (15) o presidente da CUT, Vagner Freitas, durante seminário em defesa da Previdência promovido pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Mais do que decidir uma mobilização "por decreto", o representante dos trabalhadores considera o sentido coletivo da greve, como instrumento inevitável frente ao ataque a direitos pretendido pelo governo interino de Michel Temer. "A greve geral vai acontecer. É o descaso de Temer, e uma hora sai a greve para fazer o enfrentamento necessário", afirmou.
No seminário, Freitas lembrou que esteve em viagem com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Nordeste nesta semana, e que, diante dos ataques que tem recebido desde a condução coercitiva à Polícia Federal, em março deste ano, Lula está com "tesão" de disputar eleições. Lembrando números de pesquisa Vox Populi, Freitas disse que o ex-presidente tem 42% de preferência do eleitorado no Nordeste.
Mas ele também afirmou que com a desqualificação do debate político empreendida pela mídia tradicional, a extrema direita vem crescendo "de maneira estrondosa", um fenômeno que ocorreu em países como França e Grécia. Freitas disse também que o Brexit – a saída da Grã-Bretanha da União Europeia – é sobretudo expressão do conservadorismo, "do preconceito contra imigrantes".
Sobre a reforma da Previdência Social almejada por Temer, Freitas considera que "tem tudo a ver com o golpe. Ela (Previdência) se coloca no papel do Estado que queremos construir. Não é uma questão de receita e despesa. Quem não acredita em Estado protetor da sociedade? Só quem não acredita em democracia, em solidariedade", indagou.
Para o dirigente, ao pretender propor uma idade mínima maior para a aposentadoria, "o governo interino quer que as pessoas morram antes de se aposentar. Não podemos fechar os olhos que nos anos 1960, 1970 as pessoas morriam mais cedo, mas a gora elas serão punidas por terem mais qualidade de vida e viverem mais?", questionou.