Em ao menos seis capitais, milhares de pessoas saíram às ruas em defesa da democracia no último domingo (4) e para protestar contra a violência que a polícia militar adotou em todo país durante as manifestações contra o golpe costurado por Michel Temer e comparsas. Na madrugada desta segunda (5), foi a vez de organizações campesinas ocuparem com cerca de três mil pessoas o Ministério do Planejamento e a sede nacional do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), também no Distrito Federal, onde constroem um acampamento.
As manifestações fazem parte da Jornada de Lutas Unitária dos Trabalhadores e Povos do Campo, das Águas e das Flores e é organizada por entidades como a Contag (Confederação dos Trabalhadores na Agricultura), Fetraf (Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar), MST (Movimentos dos Trabalhadores Rurais sem Terra) e MAB (Movimentos dos Atingidos por Barragens). As mobilizações e o acampamento prosseguem até o dia 7 de setembro, quando acontece o Grito dos Excluídos. A pauta é extensa em reivindicações, mas, primeiramente, Fora Temer, conforme explica o coordenador-geral da Fetraf, Marcos Rochinski. “Esse governo não tem legitimidade, que não foi eleito democraticamente, então, o primeiro mote é Fora Temer. Mas, como jornada, levantamento também pautas que estão estabelecidas no Congresso Nacional e tem apoio do Temer. Está em risco a soberania nacional com a revogação da lei que impedia a venda sem limites para estrangeiros, com a entrega dos minérios e do petróleo às transnacionais”, explica. Ainda sobre a questão agrária, ele destaca que os movimentos cobram a volta do Ministério do Desenvolvimento Agrário, fundamental para o diálogo com os movimentos e para a construção de políticas públicas que assentem e ofereçam estrutura de produção às mais de 120 mil famílias acampadas em todo o país. Neste momento, os trabalhadores aguardam uma resposta do governo, que resolveu endurecer as negociações, explicou o vice-presidente da Contag, William Clementino. “O governo havia sinalizado com uma possível reunião com o ministro, mas, agora, voltou atrás e disse que teríamos de dialogar com o secretário Executivo do Planejamento que não tem poder político de encaminhar nada. Temos uma liminar de despejo, mas vamos lutar para que não seja cumprida, porque queremos falar com ao menos dois ministros, do Planejamento e Casa Civil, para que possamos discutir nossos direitos. É o futuro do campo que está em jogo”, disse. Em manifesto, os movimentos populares do campo apontam ainda que não aceitam a ideia de uma reforma da Previdência nos moldes propostas pela equipe de Temer e que afeta principalmente quem trabalha no campo e começa a vida profissional mais cedo e em condições mais difíceis.