A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Vestuário da CUT e suas entidades filiadas declaram total apoio e solidariedade aos 12 trabalhadores da SAE-A Tecnotex, empresa de capital sul-coreano, instalada em Tipitapa, na Nicarágua, que produz confecções para grandes multinacionais norte-americanas como JC Penney, Kohls, Target e Walmart. Eles foram presos em junho deste ano, após manifestação na qual reivindicavam água potável e fim de metas inalcançáveis. Na ocasião 2 dirigentes sindicais foram demitidos após denunciarem que a água utilizada para consumo humano na fábrica está poluída e contém grande quantidade de pelos de animais.
Durante as manifestações 13 pessoas foram detidas, incluindo uma criança. Os 12 adultos foram considerados culpados pela Justiça da Nicarágua, mesmo não havendo fundamento nas acusações. Nesta sexta-feira, 16, eles receberão suas respectivas sentenças que poderá ser de até 3 anos de prisão. “Consideramos uma penalização extremamente injusta e arbitrária. O mundo não pode permitir que empresas se aliem ao Estado para punir trabalhadores que reivindicam água potável ou qualquer outro direito básico da subsistência humana”, avalia Cida Trajano, presidenta da Confederação.
CNTRV recorre à embaixada da Nicarágua no Brasil
Cida Trajano enviou, nesta quinta-feira, 15, uma carta à embaixadora da Nicarágua no Brasil, Sra. Lorena Martinez, expondo a preocupação do ramo vestuário da CUT sobre as condenações. “Mandar a tropa de choque para pôr fim à um conflito trabalhista e acusar os trabalhadores de obstruir o trabalho da polícia é um precedente preocupante para a organização da classe trabalhadora em toda a América Latina”, declara o documento que considera a postura da empresa sul-coreana um “espelho” das ações desenvolvidas em seu próprio país.
Campanha global de solidariedade
A Federação IndustriALL Global Union, que representa mais de 50 milhões de trabalhadores da indústria em todo o planeta, se empenhou em diversas ações diplomáticas para a libertação dos detidos, contudo, as autoridades da Nicarágua permaneceram intransigentes. “Para além do sofrimento causado aos 12 trabalhadores inocentes e seus familiares, este julgamento tem um efeito de desmobilização, pois os trabalhadores das zonas francas ficarão preocupados em manifestar por seus direitos”, considerou Laura Carter, secretária regional adjunta da IndustriALL Globa Union na América Latina. A entidade está promovendo uma campanha de solidariedade aos trabalhadores condenados injustamente em Tipitapa. Para participar, basta posar para uma foto com um cartaz declarando solidariedade e postar nas redes sociais, marcando com a #tipitapa12. O bordão indicado é “Justicia para los Tipitapia 12”.