Unificação com ramo químico da CUT também marcou deliberações do 11.º Congresso da entidade
Em meio à um período histórico para o movimento sindical brasileiro, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Vestuário da CUT, CNTRV, realizou seu 11.º Congresso nos dias 4 e 5 de abril, na cidade de São Paulo.
Com participação de cerca de 80 delegados e delegadas (que debateram e deliberaram uma série de ações a serem implementadas pela confederação sindical pelos próximos 4 anos, dentre elas o processo de unificação dos ramos vestuário e químico da CUT), o 11.º Congresso da CNTRV entrou para a história da luta e organização das mulheres trabalhadoras ao eleger a primeira direção com paridade de gênero, o que, na opinião de Cida Trajano, que foi reeleita presidenta da entidade, reflete uma trajetória de formação e organização de lideranças femininas do Ramo. “Nos últimos anos, a CNTRV, em parceria com o Solidarity Center da AFL-CIO, promoveu um projeto nacional que teve o objetivo de preparar mulheres para ampliar o quadro de lideranças femininas em nossas entidades. Como resultado, nesse Congresso conquistamos a paridade na direção e isso é prova de que o esforço para formar e organizar a militância feminina vale a pena”, analisa a sindicalista.
Trajano refletiu ainda sobre a importância do empoderamento das mulheres na direção. “A conquista da paridade na CNTRV não foi apenas no número de homens e mulheres, mas também nos cargos executivos. Isso significa que as mulheres estão empoderadas na diretoria da entidade”, refletiu.
Para Lucineide Varjão, presidenta da CNQ, a paridade é uma conquista que reflete na luta por igualdade de gênero em todos os setores da sociedade. “Quando uma entidade sindical em nível nacional conquista a paridade de gênero, é uma conquista de todas as mulheres trabalhadores. Igualdade entre homens e mulheres demanda uma luta muito árdua e uma conquista como esta deve ser comemorada por todas e todos”, enfatiza a dirigente que falou ainda sobre o processo de unificação das duas entidades. “Temos muita coisa em comum e já não faz mais sentido trilharmos caminhos organizativos diferentes. Estamos fazendo história em nossa Central (na CUT) e puxando a fila para a construção de entidades cada vez mais abrangentes e representativas. Esse é o futuro do sindicalismo”.
Novo plano de lutas da CNTRV dá visibilidade à pauta das mulheres
A ampla participação das mulheres no 11.º Congresso da CNTRV influenciou a construção de um plano de lutas que contempla a pauta por igualdade de gênero nos locais de trabalho e nos sindicatos.
Ao definir as ações da entidade para os próximos 4 anos, o Plenário debateu e aprovou uma série de propostas apresentadas pelas delegadas do Encontro Nacional de Mulheres da CNTRV, realizado nas vésperas do Congresso. Questões como o desenvolvimento de projetos sobre o combate da violência de gênero e empoderamento das trabalhadoras; maior espaço para pautas feministas nos veículos de comunicação da CNTRV e entidades filiadas; engajamento das diretoras e militantes nos espaços de elaboração e deliberação de políticas públicas específicas para as mulheres; ampliação da participação feminina no processo de negociação coletiva dos sindicatos; e construção de uma pauta unificada do ramo vestuário da CUT que sirva como base nas negociações das campanhas salariais, entre outros pontos, fazem parte do plano de lutas aprovado pelos delegados e delegadas do 11.º Congresso da CNTRV.